Adolescencia
Capítulo I
Adolescência: Uma perspectiva crítica
A concepção vigente na psicologia sobre adolescência está fortemente ligada a estereótipos e estigmas, desde que Stanley Hall a identificou como uma etapa marcada por tormentos e conturbações vinculadas à emergência da sexualidade. Essa concepção foi reforçada por algumas abordagens psicanalistas que a caracterizam como uma etapa de confusões, estresse e luto também causados pelos impulsos sexuais que emergem nessa fase do desenvolvimento. Erikson (1976) foi o grande responsável pela institucionalização da adolescência como uma fase especial no processo de desenvolvimento ao introduzir o conceito de moratória, identificando essa fase com confusão de papéis e dificuldades de estabelecer uma identidade própria, e como um período que passou a “ser quase um modo de vida entre a infância e a idade adulta” (p. 128). A parti dessas fontes, instalou-se uma concepção naturalista e universal sobre o adolescente que passou a ser compartilhada pela psicologia, incorporada pela cultura ocidental e assimilada pela homem comum, muitas vezes através dos meios de comunicação de massa. Debesse (1946) é um dos autores que mais claramente marca essa posição naturalista e universal ao propor uma essência adolescente. Para o autor, a adolescência não é uma simples transição entre a infância e a idade adulta; ela possui uma mentalidade própria com um psiquismo característico dessa fase. Chega a afirmar que é “erro pensar que a juventude muda conforme as épocas...acreditar que ela se identifica com sucessivos vestuários de empréstimo e que cada geração tem sua juventude é uma ilusão de moralista amador e apressado...por detrás do aspecto da juventude existe a juventude eterna, notavelmente idêntica a si própria no decurso dos séculos...” (pp.15-16). Na América