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6090 palavras 25 páginas
A brusca poesia da mulher amada
Rio de Janeiro
Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente...
Eles foram vistos caminhando de noite para o amor - oh, a mulher amada é como a fonte!
A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?

Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...

Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias
Pousada no fundo estará a estrela, e mais além.

Teatro
Cordélia e o peregrino
Este texto foi escrito paralelamente à realização de minhas Cinco elegias (de algumas delas, pelo menos ...), às quais deveria pertencer, não se houvesse transformado, à medida, numa forma lírico-teatral. Disso já lá vão muitos anos. Há, pois, que lê-lo dentro do espírito do tempo, e ciente de que o poeta de então era bem mais moço e complicado que o atual.
Agrada-me, nele, a sinceridade e paixão com que foi escrito, e a realidade saudável de certas tiradas e não posso deixar de ver nisso a semente da mudança operada no poeta que hoje sou, não sei se melhor ou pior, mas, por certo, mais humano e infinitamente mais próximo da terra.
Penitencio-me de sua saída tão fora de tempo. Anima-me, no entanto, a idéia de que a maioria daqueles que o vão ler são pessoas com um julgamento já formado sobre o poeta e sua poesia.

PERSONAGENS

Um abrigo na montanha, sombrio, rude mesmo. Paredes nuas, teto baixo de vigas escuras, tortuosas. Móveis simples, abandonados. Duas ou três velhas reproduções de quadros nas paredes da direita e da esquerda. Tudo isso, arquitetura e mobiliário, obedecendo à fantasia do poeta feito cenarista, que os poderá compor na medida inconsciente da sua

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