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Resumo:
O melodrama surge num momento particular da história francesa no qual se observa, em boa parte devido aos ideais revolucionários do Estado laico – aliados a um profundo desprezo pela igreja, considerada um dos esteios do Ancien Régime – um enorme vazio moral deixado pela supressão das práticas religiosas, bem como pelas transformações ocorridas no próprio tecido social.
Neste sentido, e tornando-se desde logo um gênero de cunho extremamente popular, o melodrama teve como um de seus objetivos iniciais a representação de parâmetros comportamentais que servissem de exemplo para uma platéia que pela primeira vez tinha acesso às apresentações teatrais e às casas de espetáculos e que estava afastada de outras possíveis fontes de aprendizado.
No jogo de representações e de ensinamentos do mundo proposto pelo melodrama, que representação teria o feminino? Que papel teria a mulher neste gênero novo, fruto de uma sociedade nova, nascida na esteira de um movimento que tinha como bandeira os ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade”?
O “papel” da mulher nesta sociedade que se formava, papel este transposto, representado no melodrama, em pouco ou nada diferia daquele que lhe era reservado antes das conquistas de 1789. É este “lugar” social do feminino representado nas peças melodramáticas que se pretende discutir no trabalho a ser apresentado.
Palavras-chave: Teatro – sociedade – representações – gênero – melodrama
Introdução
Gênero de cunho extremamente popular surgido no período pós-revolucionário francês em fins do século XVIII, o melodrama teve como um de seus objetivos iniciais a representação de parâmetros comportamentais que servissem de exemplo para uma platéia que pela primeira vez tinha acesso às apresentações teatrais e às casas de espetáculos.
Nesse sentido, era representado o “papel” da mulher na sociedade que se formava, papel este que em pouco ou nada diferia do