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IDENTIDADE, DIFERENÇA
Sandra Regina Goulart Almeida
UFMG
RESUMO
O ensaio discute o desenvolvimento histórico e a situação atual dos estudos de gênero, buscando demonstrar as mudanças operadas a partir das interlocuções entre críticas feministas como Simone de Beauvoir, Judith Butler, Gayatri
Spivak e Heloisa Buarque de Hollanda. Em seguida, analisa textos jornalísticos e ficcionais que abordam essa temática, em especial a escrita de Margaret Atwood.
PALAVRAS-CHAVE gênero, identidade, diferença, feminismo.
O gênero não é algo constituído sempre de maneira coerente ou consistente (…) o gênero interage com modalidades raciais, de classe, etnossexuais e regionais de identidades constituídas discursivamente.
Judith Butler
N
a citação que abre este ensaio, a crítica norte-americana Judith Butler, responsável por um trabalho seminal na área de gênero, aponta dois aspectos centrais na teorização atual acerca das questões de gênero: a) a instabilidade das relações de gênero, característica inerente e diretamente condicionada a fatores culturais e sociais; b) a constante interação do gênero com outros fatores determinantes das relações sociais. Ao invés de se apresentar como uma categoria fixa e preestabelecida, como inicialmente foi concebida, o gênero caracteriza-se, portanto, por ser algo dinâmico e inter-relacional. O trinômio “gênero, linguagem e identidade” está intimamente atrelado a questões sociais, históricas e discursivas e não pode, conseqüentemente, ser pensado ou teorizado de maneira isolada.
Por muito tempo a noção de diferença sexual foi entendida em termos de conceitos biológicos essencializantes que atrelavam essa diferença às funções e capacidades biológicas dos indivíduos. Dentro dessa lógica perversa, os homens, por sua constituição e força físicas, estariam em posição de superioridade, atuando, assim, como provedores únicos da família e como agentes na esfera pública. As mulheres, por outro lado, por sua função materna e
suposta