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Ricardo Carneiro
Este artigo propõe-se a examinar as características do processo de globalização que nos parecem essenciais como definidoras de uma ordem econômica internacional. Os objetivos são os de apreender os principais traços do processo com o intuito de estabelecer as formas e os limites da inserção dos países periféricos. Admite-se como hipótese central que a globalização é a resultante da interação de dois movimentos básicos: no plano doméstico da progressiva liberalização financeira e no plano internacional da crescente mobilidade dos capitais. Está implícita na hipótese anterior a idéia de que a globalização produtiva é um fenômeno subordinado. Ou seja, a onda de inovações que tem transformado os processos produtivos e a organização dos mercados e promovido um crescimento sem paralelo do Investimento Direto Estrangeiro tem seus limites ditados pela dominância da acumulação financeira.
A partir dessa hipótese geral procura-se discutir inicialmente as questões relativas à nova dinâmica da economia nos países centrais. Ou seja, a influência da progressiva liberalização financeira sobre o processo de acumulação de capital ou, mais precisamente, os efeitos da crescente importância da riqueza financeira sobre a acumulação produtiva. Mais ainda, pretende-se, com base na literatura pertinente, compreender como a proeminência das finanças tem influenciado os gastos correntes e como tem conduzido a uma crescente instabilidade cuja expressão maior seria o ciclo de ativos.
No exame da globalização como ordem internacional será considerado, de início, o conjunto de aspectos que definem o núcleo do Sistema Monetário
Internacional. Além da questão primordial referente ao grau de mobilidade dos capitais, serão considerados o regime cambial predominante, a hierarquia entre as moedas e as principais formas que assumem os fluxos de capitais.
Em seguida procura-se caracterizar os principais agentes do processo destacando os