É a partir de 1930 que a experiência das economias meridionais

488 palavras 2 páginas
É a partir de 1930 que a experiência das economias meridionais, de voltar-se “para dentro” e com diversificação, transforma-se em modelo de desenvolvimento nacional, embora sob a liderança da indústria e não da agricultura. O livro não deixa de perceber que esta mudança decorreu, em boa parte, de motivações políticas. Furtado considerava o empresariado industrial fraco para se impor politicamente e liderar um movimento do porte da “Revolução de 1930”. Realisticamente, percebeu que o Governo Provisório que assumira naquele ano pouca margem de manobra teria, no curto prazo, afora fazer uma política de defesa do café, embora, caso repetisse as políticas das décadas anteriores, corresse o risco de a proteção aumentar ainda mais a oferta do produto e agravar a superprodução. Asseverou, então, que o novo governo levou a cabo “inconscientemente, uma política anticíclica de maior amplitude que a que se tenha sequer preconizado em qualquer dos países industrializados” (p. 272 – grifos meus). Esta afirmação, como outras asserções da obra, possibilitou rica hipótese para pesquisas posteriores, voltadas a desvendar se havia ou não um projeto de industrialização do país já na década de 1930, quando houve o “deslocamento do centro dinâmico”, ou se este só mais tarde poderia ser detectado (Fonseca: 2003).
Em uma das últimas passagens de FEB em que fez referência aos estados sulinos, Furtado não deixou de arriscar uma hipótese de natureza política para explicar a “revolução”. Com este ato, colocou em prática o propósito metodológico segundo o qual “o estruturalismo latino-americano (....) teve como objetivo principal pôr em evidência a importância dos
‘parâmetros não-econômicos’ dos modelos macroeconômicos” (Furtado: 1983, p. 72 – grifos meus). Como a mostrar que, embora não fosse esse o objeto de FEB, a abordagem estruturalista não prescindia, ao explicar as mudanças de vulto, das variáveis políticas. Em famosa nota de rodapé do capítulo 32, escreveu: “O movimento

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