Ótica sobre o espaço amazônico e as tendências literárias nos romances seringal e safra

ÓTICA SOBRE O ESPAÇO AMAZÔNICO E AS TENDÊNCIAS LITERÁRIAS NOS ROMANCES SERINGAL E SAFRA

Desde os mais remotos momentos da chegada do homem europeu ao continente americano, até os nossos dias, a Amazônia tem sido objeto de uma diversificada e volumosa bibliografia.
A partir dessa perspectiva é importante frisar que a Amazônia é uma terra de muitas histórias que muitas vezes se confunde com o ficcional, assim, a chegada dos espanhóis é contada pelo olhar do estrangeiro, um olhar que em várias ocasiões deixa marcas de um imaginário. Fato esse que trouxe muitos exploradores para essas terras até então desconhecidas, à procura de riquezas, ou seja, o El Dorado.
Seguindo este viés, o trabalho aqui apresentado terá como objeto de análise o romance Seringal de Miguel Jeronymo Ferrante, publicado em 1972 e o romance Safra de Abguar Bastos (1937) que se passa na vila Coari às margens do Amazonas. É importante salientar que o foco nesta análise é o espaço amazônico representados nos romances e também suas tendências literárias, principalmente no Seringal.
O Seringal
Sobre o Autor
Miguel Jeronymo Ferrante nasceu em Rio Branco – Acre, no dia 03 de março de 1920 e faleceu em Brasília em 2001. Diplomou-se em Direito em 1945, pela faculdade de Direito do Pará. Chegou a Ministro do Superior Tribunal de Justiça tendo exercido, antes, diversos cargos públicos e literariamente foi romancista e novelista.

“Há NA PAISAGEM parada um tom cinza de desolação e de angústia. O ar imobilizado. Nem uma asa, a mais ligeira brisa. Tudo estático, a morrer brutalizado pelo calor asfixiante, sob a cúpula do céu.
A vegetação rasteira do campo do “Santa Rita” encolhe-se às fulgurações dos raios inclementes e, aos poucos, vai murchando, amarelando, morrendo em lenta agonia. A grama ressequida agarra-se penosamente à crosta endurecida do solo. Uma areia fina, solta, cobre os caminhos ziguezagueantes, enrugados aqui e ali pelos rastros das alimárias, modelados na invernada. Formigueiros