Ética prática - capitulo ii - peter sinhger

O livro Ética Prática é uma obra admirável, não por chegar a conclusões definitivas e irrefutáveis, mas por ter a coragem de debater sobre a igualdade entre os seres huma-nos, trata-se de uma tarefa assaz árdua definir um critério que atue como uma balança, capaz de pesar os interesses tão distintos de forma imparcial. Segundo o autor o princí-pio da igualdade na consideração de interesses pode ser um caminho para as bases teóricas que poderão equilibrar esta balança.
De alguma forma todos os autores que escreveram sobre ética buscaram, em última análise, estabelecer bases para tornar a convivência social possível e justa. O próprio Singer cita a teoria de John Rawls a respeito da Personalidade de Moral.
Em seu entendimento esta teoria é suficiente para tratar dos casos mais gerais, já que se baseia no princípio contratualista, que encara ética como uma espécie de acordo mutuamente benéfico onde um não prejudica o outro para evitar ser prejudicado.
O problema apontado, neste caso, é a premissa de que todos os seres humanos pos-suem uma moral, o que exclui crianças e pessoas mentalmente incapazes, por serem amorais.
Não é possível falar sobre as igualdades sem apontar as desigualdades, neste sentido, o autor elenca a raça e o sexo, duas características que foram usadas no pas-sado para definir diferença entre as pessoas.
Baseado em estudos científicos com conclusões equivocadas, estudiosos, no passado, justificavam desigualdades sociais pelas características raciais e sexuais, consideran-do, por exemplo que, africanos teriam menor capacidade intelectual e que mulheres são menos agressivas, o que justificaria que a sociedade direcionasse aos negros ape-nas tarefas braçais e, até mesmo a escravidão, e às mulheres os cuidados dos filhos e o lar, restando ao brancos homens, o domínio sobre as decisões e a condução da soci-edade.
O princípio da igualdade na consideração de interesses não se atem a tais diferenças, e não entra no mérito se tais teorias estão