Ética no uso de Cadáveres Humanos
OLIVEIRA, J.B.; SOUZA, D.B.S.; SILVEIRA, M.F.G.
Introdução
Anatomia Humana é uma disciplina básica tradicional. É ministrada para alunos das áreas das Ciências Biológicas e Ciências da Saúde, geralmente, no início das graduações com o objetivo de apresentar e descrever as partes componentes do corpo humano. (LIMA et al., 2008; NEVES, 2010; PIAZZA e CHASSOT, 2011; SIMÃO et al., 2011). O interesse pelo corpo humano vem desde os primórdios, quando o homem passa a ter curiosidade para observar as diferentes partes que constituem um animal e, em seguida, o próprio ser humano (FORNAZIERO e GIL, 2003). A formação de um profissional da área médica e áreas afins é um processo complexo processo que envolve: conhecimentos teóricos, valores humanísticos e o desenvolvimento de habilidades práticas (GOMES et al., 2010). Em Anatomia Humana, as aulas práticas usam prioritariamente como objeto de estudo o cadáver humano, o qual entra como ferramenta fundamental no processo ensino-aprendizagem (BASTOS e PROENÇA, 2000), levando a sociedade a questionamentos nos campos social, ético, moral, jurídico, religioso e médico (RIBEIRO et al., 2010). O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão da literatura sobre a ética na utilização do cadáver humano na Anatomia, apontando as atitudes de docentes e discentes.
Revisão da Literatura Sabe-se que, outrora, o uso de cadáveres humanos era limitado pelas normas da Igreja. Hoje, questões jurídicas, religiosas, morais e a falta de conhecimento da sociedade sobre a importância da doação de cadáveres para estudo e pesquisa são os fatores limitantes (RIBEIRO et. al., 2010). Os cadáveres devem ser vistos como “res-humana” (coisa humana) e não objetos quaisquer de uso, pelo significado afetivo da memória de um ser humano, que um dia estabeleceu vínculos emocionais (COHEN e GOBBETTI, 2003). No final da Idade Média, iniciou-se o uso sistemático de corpos humanos