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365 palavras 2 páginas
Na bibliografia de artigos e ensaios que Otto Maria Carpeaux arrolou sobre a obra de Lima Barreto, encontra-se somente uma publicação que aborda o problema da mulher. Trata-se do artigo de Luís Martins, “Lima Barreto e o Feminismo”, no qual este autor assinala uma contradição no criador de Numa e a Ninfa ao dizer que, se de um lado, ele defende a mulher contra o direito mais ou menos consuetudinário de o marido matá-la em caso de adultério, de outro, coloca-se numa posição agressivamente antifeminista quando ao fim dos anos dez surgem movimentos de reivindicação dos direitos da mulher. A essa “incompreensível contradição” Luís Martins dá explicações que, se podem ser considerada satisfatórias, do ângulo que estuda a questão, não aclaram, todavia, o problema fulcral: a concepção que o autor de Clara dos Anjos tinha sobre mulher, através da qual se compreende melhor as atitudes tomadas por ele.
Francisco de Assis Barbosa em sua biografia de Lima Barreto aborda também, agora já do ponto da criação artística, a galeria de personagens femininas para afirmar que, “ao contrário dos personagens masculinos, de traços vigorosos, gente viva de carne e osso, as mulheres que transitam em seus romances são apenas desenhadas, vagas, imprecisas, faltando-lhes a densidade, por culpa talvez desse desconhecimento (ele próprio havia de reconhecer que a sua experiência nesse particular-mulher era nula) da alma feminina”. Essa biografia é também insuficiente, pois as personagens femininas de Lima Barreto, bem ou mal logradas, exprimem na verdade uma concepção da mulher, manifestada em mais de um artigo e também na sua produção ficcional.
Ambas as explicações, nos parecem assim, insatisfatórias por não chegarem a captar o ponto de vista, mediante o qual a mulher é concebida e abordada em seus textos. Buscará o nosso trabalho, portanto, nesse primeiro momento, delinear a concepção de mulher nos textos de Lima Barreto e tentará, a partir dela, compreender a chamada “contradição

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