Águia ou galinha

INTRODUÇÃO

O autor, James Aggrey, achava que o processo de libertação primeira começa na consciência. Foi neste contexto que ele contou esta história, a da galinha e da águia: era uma discussão, no interior da África, sobre os processos de libertação. Então se dizia que era preciso a luta armada. Outros defendiam que não, que era preciso manter o relacionamento com a Inglaterra, porque seria o caminho para maior integração cultural e para o próprio desenvolvimento. Outros diziam que a língua inglesa era importante, uma língua internacional. Outros diziam que o povo não tinha grandes heróis, etc. Então James Aggrey, que era um educador popular, levantou a mão e disse: ­ "meus irmãos e minhas irmãs, eu conheço um camponês que foi à floresta capturar um filhote de águia. O capturou e o trouxe para casa, deixando-o crescer no galinheiro, com as demais galinhas. O filhote foi se tornando galinha. Ciscava como as galinhas, comia o milho que era ali jogado, embora andasse mal, porque a águia foi feita para voar, acabou se transformando numa galinha. Assim se passaram cinco anos. Certa feita, ao receber a visita de um naturalista, este disse que aquilo não era uma galinha, mas sim uma águia. O camponês retrucou que não, que a ave se transformara numa galinha. Ao que o naturalista reafirmou que não, que uma águia seria sempre uma águia. Destinada às alturas, aos grandes vôos. Ela sempre terá um coração de águia. E foram fazer um teste. Subiram ao topo de uma árvore e deram ordem para que a ave voasse. E nada. No alto de uma montanha, quando ela se deparar com o sol, com as grandes alturas, ela finalmente se recordará de que é águia e voará em seguida. Assim fizeram. A ave ouviu as recomendações para voar, esticou o pescoço e se colocou a voar, atingindo alturas sempre maiores. Aí, observou James Aggrey, "companheiras e companheiros, nós somos águias, e os ingleses nos reduziram a galinhas. Demos asas às nossas águias, tiremo-las do torpor em que se encontram, e