O URBANISMO
Ao contrário dos outros pensadores políticos do século XIX, e apesar de seus empréstimos dos socialistas utópicos, Marx e, mais explicitamente, Engels criticaram as grandes cidades industriais contemporâneas sem recorrer ao mito da desordem, nem propor sua contra - partida, o modelo da cidade futura. A cidade tem, para eles, o privilegio de ser o lugar da historia. Foi ali que, numa primeira fase , a burguesia se desenvolveu e exerceu seu papel revolucionário. É ali que nasce o proletariado industrial, ao qual vai caber principalmente a tarefa de executar a revolução socialista e de realizar o homem universal. Essa concepção do papel histórico da cidade do século XIX é, pelo contrario, para Engels e Marx, a expressão de uma ordem que foi a seu tempo criadora e que deve ser destruída para ser ultrapassada. A cidade para eles, é apenas o aspecto particular de um problema geral e sua forma futura esta ligada ao advento da sociedade sem classes. A ação revolucionaria deve, em seu desenvolvimento histórico, realizar a implantação socialista, depois comunista: o futuro permanece aberto. A continuidade ideológica entre o urbanismo e o pré – urbanismo e real nos casos da garden-cities inglesas. Ao contrario, do lado progressista, coincidência ideológica entre urbanismo e pré – urbanismo é na maior parte das vezes fortuita. Le Corbusier recorre a Fourier somente a propósito da unidade de habitação. As “ casas para operários” preconizadas por certos socialistas parecem – lhe pavorosas, pois elas dissimulam sua inspiração paternalista sob a aparência de uma solução revolucionaria. A definir prematuramente tipos e padrões que serão forçosamente inadaptados e anacrônicos em relação às estruturas econômicas e sociais do futuro, é preferível, pura e simplesmente, instalar os operários nas casas e nos belos bairros dos burgueses. Mas a noção de “ supressão da diferença” não pode, em Engels e Marx, ser levada a uma projeção espacial. Ela deve ser