O trato dos viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul, Séculos XVI e XVII - Luis Felipe Dalencastro

3470 palavras 14 páginas
O trato dos viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul, Séculos XVI e XVII
Luis Felipe Dalencastro
Prefácio
O autor começa dizendo por que o Brasil teria se formado também fora do Brasil devido ao fato de a colonização portuguesa, fundada no escravismo, ter criado um “espaço bipolar econômico e social” que englobava uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola. Procura demonstrar ao longo do texto que as duas zonas acabam por se completar em um único sistema de exploração colonial que ainda deixa marcas no Brasil contemporâneo.
Usa como algumas de suas fontes de vocabulário documentos seiscentistas.
O aprendizado da colonização
Como primeiro argumento, Alencastro diz que antes mesmo do término do século do Descobrimento (1450-1550), as metrópoles vêem a necessidade de reorientar as correntes ultramarinas a fim de colonizar seus próprios colonos (capturá-los nas malhas metropolitanas).
(Como os lusitanos dominaram os nativos e os fizeram trabalhar para o rei?) A escravidão e outras formas de trabalho compulsório facilitavam o domínio dos nativos, mas podiam não resultar na exploração das conquistas, pois ocorria de o excedente econômico regional ser consumido pelos próprios colonos ou trocado pelos navios das metrópoles. Ainda que o eventual excedente econômico das conquistas fosse captado pelas teias ibéricas, a expansão mercantil não conduzia necessariamente ao reforço do poder monárquico, a ascensão dos comerciantes fazia emergir novas forças sociais, alterando o equilíbrio das monarquias. Da mesma forma que nem sempre o domínio ultramarino vai se tornar exploração colonial, pode ocorrer a não instauração imediata da obediência do colonato e dos negociantes ao poder metropolitano.
Em alguns lugares como Peru, Angola, Goa, Moçambique e no Brasil, o domínio colonial desanda logo de início. (enfrentamento entre autoridades, clero e colonos acerca do controle dos nativos

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