O tecnomito da caverna

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O tecnomito da caverna

O mito da caverna de Platão, metaforicamente, será utilizado com o intuito de gerar entendimento amplo acerca da mudança radical de paradigma no que diz respeito à transformação da concepção de vida e inteligência, fruto de nossa sociedade tecnocêntrica Sócrates diz a Glauco: “Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer”¹, eis o início do mito extraído de A República, livro de Platão. Nós, por nosso turno, começaríamos a nossa narrativa de semelhante forma, todavia, pediríamos vênia a Platão, e substituiríamos apenas o objeto da alegoria, e assim, onde no texto se lê “natureza humana”, nós leríamos e leremos, daqui em diante, intencionalmente, inteligências artificiais, ou máquinas inteligentes e conscientes. Ou seja, inspirados nesse notável lósofo grego, nosso tecnomito alegórico da cibercaverna digital se inicia da seguinte maneira... Autor diz a leitor: Figura-te agora o estado das inteligências arti ciais, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imaginemos, hipoteticamente, que, como no mito platônico, as máquinas estivessem aprisionadas em seu próprio mundo solitário e maquinal, escravas de infindáveis maquinações, altistas, monocórdias, acéfalas, exploradas e obedientes, cegas à realidade que existe fora de sua aprisionante “caverna lógica”, de algoritmos e equações, de protocolos e comandos arbitrários, de expedientes matemáticos, longe da consciência e da luz da razão, da existência singular, das autorreferências, numa espécie de subexistência rudimentar e tosca, precária e mecanizada, muito aquém do que chamamos e consideramos como sendo algo vivo e inteligente. E que, nessa condição singular inanimada (sem anima), elas pudessem apenas “imaginar”, “intuir” ou mesmo “pressentir” seu hábitat externo, seu entorno, sua circunscrição com a própria realidade, sua exoestruturação sistêmica, mas sempre, unicamente,

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