O sujeito e a relação com o saber - Bernard Charlot
Por que um sociólogo da educação é levado a colocar a questão do sujeito. Porque a posição que uma criança ocupa na sociedade u, mais exatamente, a posição que seus pais ocupam não determina diretamente seu sucesso ou seu fracasso escolar. Ela produz efeitos indiretos, e não determinantes, através da história do sujeito. Para compreender isso, seria necessário empreender uma análise crítica, mas faremos três destaques:
1 – Há correlação estatística entre a origem social da criança e seu sucesso ou fracasso escolar. Correlação, porém, não significa determinismo causal. Não basta conhecer a posição social dos pais para compreender a história escolar das crianças.
2 – Há posição social objetiva e a posição social subjetiva. A posição objetiva é aquela que o sociólogo identifica do exterior, classificando os pais por uma escala de categorias sociais. A posição subjetiva é aquela que a criança ocupa em sua mente, em seu pensamento. A sociedade não é somente um conjunto de posições, é também um lugar de produção de sentido e não se pode compreender esta produção de sentido a não ser em referencia a um sujeito.
3 – A sociedade é também um lugar de atividades, como mostram Vigotski e Leontiev, colocar a questão dos motivos dessa atividade e, portanto, também a questão do desejo e da eficácia dessa atividade. Se se quer compreender o que ocorre na escola, quais as relações de uma criança com o saber e o fato de aprender, é preciso levar em consideração sua posição social e o fato de que é um sujeito. O pesquisador em educação não pode se restringir nem à Sociologia, nem a Psicologia porque não pode ignorar a singularidade de cada aluno nem as diferenças sociais entre os alunos. Os alunos, como todo ser humano, são indivíduos singulares e, como