o silencio

1926 palavras 8 páginas
II
A posição teórica e axiomática que escolhi define-se assim: o silêncio do analista só é compreendido como parte do enquadre psicanalítico. Seu sentido só se elucida se estiver incluído no conjunto das condições que o definem, e que constituem o a priori da psicanálise, ou da aplicação do método psicanalítico ao tratamento psicanalítico.
Sobre a questão do enquadre psicanalítico, convém referirmo-nos aos trabalhos de Winnicott, Bleger, J.L. Donnet e aos meus (meu relatório de
Londres, em particular). Não retomarei esses argumentos aqui.
Observemos desde já que o silêncio do analista é solidário dos outros parâmetros que definem a situação analítica. Assim, o analista visível no começo da sessão cessa de sê-lo ao longo dela para tornar a sê-lo no final; o paciente em análise suporta esse silêncio na posição deitada, na qual sua motricidade está restrita; este conjunto de condições, do qual o silêncio faz parte, é indutor de movimentos de pensamentos endereçados a esse objeto inacessível, que retornam sobre o analisando, encadeando-se a outros, sem relação aparente com os precedentes; esse silêncio torna-se, então, como a tela de fundo sobre a qual se desenrola um pensamento associativo que imita o regime fluente de energia livre; se o discurso do paciente é mesmo linguagem, ele desperta no analista um enxame de representações. Todos esses traços, os mais familiares da experiência cotidiana do analista, a ponto de nem pensar mais neles, evocam a comparação com o sonho. Retomarei mais à frente a justificação deste paralelo, em uma tentativa de articular o modelo da prática com a teoria. No momento eu me autorizarei a fazer esta aproximação para enunciar uma fórmula: assim como o sonho é o guardião do sono, o analista é o guardião do enquadre, cujo silêncio é o principal parâmetro. As formulações teóricas feitas por Winnicott sobre o enquadre são incompletas, pois ele é muito mais que a metáfora dos cuidados maternos. O enquadre seria como

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