O reencantar do mundo
Patrícia Soares de Andrade
A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.
Thiago de Melo
Nosso objetivo neste ensaio é proporcionar uma reflexão a respeito de um processo – a legitimação e a crise de uma visão de mundo. A primeira fase deste processo refere-se a institucionalizou da ciência como forma de saber dominante da época moderna, ou seja, como o paradigma dominante do ocidente, realizou uma radical separação da ciência das outras formas de saber – mitologia, senso comum, religião, filosofia, culminando com o desencantamento do mundo. E a segunda relaciona-se com o surgimento das primeiras criticas a este paradigma, bem como a possibilidade de reencantamento do real. Como suporte desta reflexão iremos utilizar os capítulos II e III do livro O Ponto de Mutação de F. J.Capar, o ensaio O Alienista de Machado de Assis e o CD “Quanta” de Gilberto Gil. A metáfora do “desencantamento do mundo” foi produzida pelo sociólogo alemão Max Weber e refere-se à perda da eficácia das explicações mágicas, mitológicas e religiosas e a emergência da racionalidade instrumental/técnica como forma de explicação dos fenômenos naturais e humanos. Nesta perspectiva, o mundo dos deuses e mitos foi despovoado, e sua magia substituída pelo conhecimento cientifico. A crença numa explicação do real seguindo um raciocínio lógico, marcado por uma fala objetiva, fria e neutra surge como a grande quimera da ciência moderna.
A formação de uma visão de mundo
Como o intuito desta investigação é o estudo de uma processualidade – a legitimação da ciência moderna e sua crise, é oportuno apresentar os marco histórico que iremos nos reportar - os séculos XVI a XVII como o momento de emergência e o período de sua crise, que se inicia no século XX. Pelo exposto, estamos nos referido a emergência