o que há de errado com a felicidade?
Todos os dias somos convencidos por propagandas em profusão de que só seremos felizes se tivermos o que ainda não temos: carros, celulares, casas em condomínios de luxo, e muito dinheiro. Mas, será que é aí que mora a felicidade? Ou melhor: será que a felicidade mora em algum lugar?
Na introdução de seu livro A arte da vida, Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, provoca seus leitores a pensar através da seguinte pergunta: "O que há de errado com a felicidade?"
Pergunta que para muitos parece contraditória em sua própria formulação. Afinal "felicidade" e "errado" na mesma frase parece não combinar.Entretanto, a pergunta pelo que há de errado aponta para o fracasso da sociedade contemporânea capitalcêntrica que mede a capacidade de sermos felizes pelo que temos e não pelo que somos.Para Bauman, a estratégia de tornar as pessoas mais felizes aumentando suas rendas é mentirosa. Ou seja, essa relação direta entre crescimento econômico e maior felicidade embora seja aceita por muitos não funciona.
Nada de diferente do que já havia afirmado Jesus: "Bem-aventurados (felizes) sois vós, os pobres, porque o reino de Deus é vosso." (Lc 6.20b)
Palavras que contém uma doce contradição que implode o ideal de felicidade contemporâneo. Mesmo tendo pouco é possível ser feliz é o que afirma o mestre. Evidentemente, não há aqui ingenuidade, fuga, alienação ou justificação de um status quo opressor. Mas ao contrário, uma profunda consciência de que Deus é o bastante, apesar de todos os pesares da vida. Com esse sentimento que Tereza d'Ávila escreveu: Quem tem a Deus, nada lhe falta. Só Deus é o bastante.
Portanto, quando nos sentirmos tentados a pensar que felizes são aqueles que conquistam o que desejam, que aparentemente não sofrem e que tem capacidade de ter muitos bens, lembremos que felicidade, como diz a canção de Marcelo Jeneci, "é só questão de