O PROJETO DE JUQUINHA

O Projeto do Juquinha

Nas andanças de um sábado de manhã, tomei a direção da Rua Comendador, que estava mais parecendo uma cena de pós-guerra. A ‘reforma’ da rua devido a troca da tubulação de água, a troca dos paralelepípedos e o asfaltamento com calçadas semi-destruídas; além das antigas árvores alvo de cortes por mentes destrutivas que ‘acham’ estarem atrapalhando a via de trânsito; tudo isto era o meu cenário de caminhada.
Bem, era este o cenário no qual entrei como ator num palco real. O calor vibrava como mais um ingrediente do meu andar meio esquizofrênico, meio depressivo ou meio tonto. Cheguei a pensar que deveria ter tomado outro rumo, o da marginal onde as árvores me dariam sombras, as calçadas estariam mais limpas e com um visual muito mais agradável.
Mas lá caminhava em direção a minha casa. Só na calçada diante do caos que de certa forma representava o sistema social-político que compartilhamos.
Eu não havia escolhido reformas naquela rua.
Eu não fui a favor da troca dos paralelepípedos por asfalto.
Eu não fui consultado sobre cortes das antigas árvores.
Eu não estava gostando de consumir poeira dias seguidos, em função da obra.
Eu estava irritado e algo crítico, tentando entender porque uma obra daquelas como prioridade, em detrimento de tantas outras prioridades, algumas até mais deprimentes como as pessoas que moram e vivem nas calçadas e na rodoviária.
Ou como no caso de menores, os ‘teens’ que tomam conta de alguns espaços públicos para o consumo de bebidas e drogas.
Ou até de ‘coisas invisíveis’ como a falta de alternativas educacionais e culturais para o desenvolvimento da criança e do adolescente, seja através da música, teatro, jogos cooperativos, esportes, escultura, pintura, dança, poesia, contos, invenções, etc...etc... Mas isto deve ser ‘coisa’ de louco ou de psicólogo.
O caos da rua Comendador era similar ao caos de minha mente de professor, psicólogo, cidadão, encantador de sonhos. Ambos caos geravam sentimentos de mal