o nascimento da clínica, capítulo VII - Ver, Saber

Hipócrates, só se ateve à observação, desprezando todos os sistemas. Através dele, a medicina pode ser aperfeiçoada; porém, à clínica, a observação ofereceu benefícios muito mais numerosos e diversificados do que a tradição. O olhar de observação é mudo, não interfere. Essa pureza do olhar está ligada ao silêncio que permite escutar. A observação traz consigo respostas. Toda teoria se liquefaz no leito do doente. O olhar clínico é capaz ouvir uma linguagem no momento em que percebe o acontecimento; clínica e experimentação se opõe na linguagem que se ouve e a que se reconhece. Assim, observação e experiência se opõem sem se excluir e é natural que a primeira conduza à segunda, mas com a condição de que esta só interrogue no vocabulário e no interior da linguagem que lhe foi proposta pelas coisas observadas. Não se deve confundir a observação com a experiência; esta é o resultado ou o efeito; a outra é o meio ou a causa; a observação conduz naturalmente à experiência. A observação é a lógica ao nível dos conteúdos perceptivos, e a arte de observar seria uma lógica para os sentidos que ensinaria suas operações e seus usos, ou seja, a lógica é a base de observar. A observação clínica supõe a organização de dois domínios conjugados: os domínios hospitalar e o pedagógico. O hospitalar é no qual a patologia aparece em seu íntimo, com suas peculiaridades e no pedagógico serve de aprendizado.
Acreditava-se que na família a patologia encontrava seu lugar e curso natural e o hospital podia mascarar a doenças através das interferências ocorridas nos ambiente hospitalar, entretanto se descobriu que no âmbito familiar a doença também pode ser mascarada pelos cuidados.
Não existe diferença entre clinica como ciência e como pedagogia. O texto cita os parâmetros de observação na clínica de Edimburgo e Montpelier.
A clínica é o lugar de encontro do médico com o doente e o mesmo é determinado por três meios: A alternância dos momentos falados e dos momentos percebidos em uma