o nada

1100 palavras 5 páginas
CARTA A ROUSSEAU
30 de Agosto de 1755
Tradução de Miguel DuclósRecebi, senhor, vosso novo livro contra o gênero humano, e vos agradeço por isso. Vós agradareis aos homens, sobre quem fala vossas verdades, e não os emendará. Ninguém poderia pintar um quadro com cores mais fortes dos horrores da sociedade humana, para os quais nossa ignorância e debilidade tem tanta esperança de consolo. Ninguém jamais empregou tanta vivacidade em nos tornar novamente animais: pode-se querer andar com quatro patas, quando lemos vossa obra. Entretanto, como já faz mais de sessenta anos que perdi este costume, percebo, infelizmente, que é impossível recomeçar, e deixo essa maneira natural àqueles que são mais dignos que vós e eu. Já não posso mais embarcar para encontrar os selvagens do Canadá, em primeiro lugar, porque as doenças de que sofro me prendem ao redor do maior médico da Europa, e não encontraria a mesma assistência junto aos Missouris. Em segundo, porque a guerra está sendo travada lá naquele país, e o exemplo de nossas nações tornou os selvagens quase tão perigosos quanto nós. Devo me limitar a ser um selvagem pacífico, na solidão que escolhi, perto de vossa pátria, onde vós devíeis estar.
Concordo convosco que a literatura e as ciências causaram ocasionalmente muitos danos. Os inimigos de Tasso fizeram de sua vida uma longa série de infortúnios. Os de Galileu fizeram-no gemer dentro da prisão, aos setenta anos de idade, por haver entendido como a Terra se movimenta; e o que é ainda mais desonroso, obrigaram-no a desdizer-se. Desde que vossos amigos começaram a publicar o Dicionário Enciclopédico, os rivais os desafiam com o tratamento de deístas, ateus e mesmo de jansenistas.
Se porventura eu puder me incluir entre aqueles cujos trabalhos não trouxeram mais do que a perseguição como única recompensa, poderei mostrar-vos o tipo de gente perseguidora que me prejudica desde que produzi minha tragédia Édipo; uma biblioteca de calúnias ridículas impressas contra mim. Um

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