O Mito da Caverna

SCRIPT- O MITO DA CAVERNA
República, VII (514ª-517d)

Imaginem nossa natureza, segundo o grau de educação que tenha ou não recebido, perante o que vamos lhe apresentar. Imaginem então, homens que vivem em uma espécie de caverna, em que da entrada abre-se uma luz que estende-se por toda caverna.
Os homens estão dentro da caverna desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não pudessem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo. A Luz lhes vem por trás, ao longe. Entre os prisioneiros, e a luz, há um caminho. Imaginem nesse caminho, homens transitando, carregando objetos, animais passando, ou qualquer outro material. De frente aos prisioneiros há um pequeno muro, semelhante a um espetáculo, entre eles e o público.
Alguns dos que passam no caminho, passam calados, outros conversando. Se houvesse um eco vindo da parede diante deles, enquanto um dos que passou falasse algo? Se os prisioneiros pudessem discutir entre si, não achas que, acabariam achando que as sombras são reais? Certamente eles tomariam essa voz e associariam a sombra à sua frente.
Agora se um deles fosse libertado? Se um desses homens fosse solto, e levantasse, virasse a cabeça, andasse, saísse da caverna e olhasse para a luz?! Os olhos lhe doeriam, ele viraria as costas e poderia, muito bem, voltar para as coisas que podia olhar sem sofrimento? Mas se o forçassem ao olhar para luz? Arrastassem-no para a luz do sol, ele não sofreria e se irritaria ao ser empurrado para fora?
Certamente ficaria ofuscado, devido a sensibilidade que criou vivendo na caverna. Ficaria cego e não poderia, de início, distinguir os objetos dos quais via as sombras.
O que ele poderia responder, se obrigassem-no, com perguntas, a dizer o que era aquilo? Já que com os olhos ofuscados pela luz, não seria capaz de ver nenhum desses objetos que até então afirmamos serem verdadeiros.
É preciso que ele se habitue, para que ele consiga finalmente ver as coisas. Por etapa, primeiro as sombras,