O Kinokismo

HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL
ENSAIO “O kinokismo”

A vida na Rússia das décadas de 10 e 20 não poderia estar mais agitada. Culturalmente, desde a revolução de 1917, os russos pululavam de idéias, cada qual mais revolucionária que a outra. Diante desse cenário de excepcional efervescência, nascem movimentos cinematográficos ímpares, que influenciaram toda a história posterior do cinema mundial. De fato, diferente do governo czarista que via no cinema uma diversão de povo analfabeto, os bolcheviques o compreendiam como propaganda extremamente eficiente, perfeita para a educação das massas. Então, com a derrocada do império e a subida dos socialistas ao poder, o Estado passou a incentivar a produção de filmes que exaltassem o heroísmo e a força do povo. Utilizam-se do cinema, percebendo nele uma máquina poderosa para a propaganda oficial, pois o antigo regime não se equivocava afirmando que a maioria do povo era analfabeta. Assim, o cinema era muito mais próximo das grandes massas por comunicar-se unicamente por imagens, criando consigo uma nova linguagem, mais acessível. Nessa conjuntura, grandes nomes sugerem como deveria ser esse novo cinema russo, esse cinema revolucionário, afinal, a revolução deve ser completa, atingindo também a sétima arte.
Fundada a primeira escola de cinema do mundo, a da Moscou, em 1919, para lá foram nomes como o de Lev Kulechov, que já dirigia filmes durante o império, mas que, na escola, seria imortalizado pela experiência de montagem que edifica as teorias soviéticas dessa época e que até hoje leva o seu nome. Pesquisando filmes americanos, reconhece na montagem a razão de sua eficiência e, numa análise mais profunda, o ritmo ditado por ela. Assim, não são planos isolados que fazem o sentido de um filme; eles não são capazes de falar mais do que eles revelam objetivamente. Um plano de um prato de comida é somente um plano de prato de comida – nada mais seria extraído dessa imagem. No entanto a associação entre os planos é capaz de