O juri e o mendigo

1519 palavras 7 páginas
O JÚRI E O MENDIGO

Depois de três horas de viagem Francisco se alegrou com a placa de boas vindas na entrada da pequena cidade do interior nordestino. Absorto no processo não notara a vegetação seca, os umbuzeiros floridos, o céu tingido de vermelho pelos últimos raios do sol. Vou precisar mesmo de muita sorte para ver a justiça triunfar nesse caso, pensou enquanto tentava se lembrar do nome da pousada que contratara pela internet.
Ele não compreendia como os dois acusados daquele crime tinham sidos absolvidos pelo Tribunal do Júri. O Promotor recorreu da sentença. Agora era ele quem fora nomeado para representar o Estado na aplicação da lei naquele segundo julgamento.
Um crime bárbaro perpetrado por dois jovens, matando a pauladas um homem que estava dormindo na praça principal da cidade.
Não pôde deixar de fazer uma comparação com o assassinato do índio Galdino em Brasília. A sentença da juíza absolvendo aqueles rapazes fora tecnicamente perfeita, porém completamente absurda. Os quatro rapazes foram enquadrados como transgressores, não tiveram a intenção de matar. Como? Compraram a gasolina, anteciparam o fato. Quem ateia fogo em alguém assume o risco de lesionar fatalmente o sujeito passivo.
Deixá-los livres só podia dar naquilo.
Os autos do processo mostravam claramente a intenção dos réus de matar o pobre homem. Confessaram com frieza e riqueza de detalhes, as testemunhas confirmaram que o homem estava dormindo quando eles começaram a espancar o mendigo até a morte.
No dia seguinte o plenário do júri estava lotado. O promotor deduziu que os acusados deveriam ser gente importante. Mesmo assim ele resolveu perguntar a um oficial de justiça:
—Porque o plenário está tão lotado?
—Um dos acusados é filho do Doutor Plácido, o outro é filho do fazendeiro mais rico daqui, o Major Lopes, tudo gente grande, enfatizou o auxiliar da justiça.
— E a vítima?
—Era um pobre diabo que morava na rua.
Ali estava o motivo da absolvição no primeiro

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