O Jovem Lukács e a conciência de classe.

7212 palavras 29 páginas
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O jovem Lukács e a consciência de classe1
(Versão para debate)

(mestrado, DCP-FFLCH-USP)
É sabido que o velho Lukács – o Lukács da inacabada Ontologia do ser social – renegou o jovem Lukács – o Lukács de História e consciência de classe (1923) – tanto política (em 1933) quanto teoricamente (em 1967). Mas é sabido igualmente que o jovem
Lukács teve importância e influência imensamente superiores ao velho Lukács no desenvolvimento posterior do marxismo. Pode-se dizer, por exemplo, que a teoria da reificação do jovem Lukács moldou todo o desenvolvimento daquele extenso ramo do marxismo que ficou conhecido como “marxismo ocidental” (inútil lembrar que a expressão pertence a Merleau-Ponty) – em oposição ao “marxismo soviético” (na expressão marcuseana) –, e que terminou como ramo preponderante no pensamento marxista europeu posterior à primeira guerra (com ganhos e perdas, diga-se). Refiro-me àqueles teóricos marxistas analisados no interessante livro do historiador marxista Perry Anderson,
Considerações sobre o marxismo ocidental (1976), que vão (além do citado Lukács) de
Korsch aos integrantes da chamada Escola de Frankfurt (Benjamin, Horkheimer, Marcuse e
Adorno), passando por Gramsci, Della Volpe, Lefebvre, Sartre, Goldmann, Althusser e
Colletti2. Todos esses autores (à exceção de Korsh e Gramsci, que devem ser considerados antes revolucionários que epígonos do marxismo no século XX) partiram, uns mais diretamente outros menos, da guinada filosófica dada ao marxismo pela opus magnum de juventude de Lukács, História... – ao lado do consucedâneo, mas menos importante,
Marxismo e filosofia (1923), de Korsh –, pela qual o autor seria incomparavelmente mais lembrado do que pela sua obra de velhice, com a qual esperava enterrar de vez aquele “livro
1 Este artigo consiste na segunda versão de um capítulo de uma obra maior acerca das categorias essenciais do pensamento sócio-político do jovem Lukács (1909-1923) – principalmente em História e

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