O Inferno pode esperar

O inferno pode esperar
Noite quente, a camiseta molhada de suor sem o incômodo do sutiã,
O desejo mais intenso, o gemido cálido...
O inferno pode esperar.
Nos longos cílios a piscar sedutoramente,
Na língua belicosa ao dançar entre dentes, e na mordisquela do lábio inferior desejoso
Lendo Bukowski.
Por quê? Se se pode bebê-lo com uísque?
Por que o inferno pode esperar.
O cheiro da pele libidinosa,
O tocar dos dedos pela nuca e o sussurrar ao pé do ouvido;
As persianas na janela lhe tatuam de sombra e listras brancas,
In pelo, fio dental vermelho e os cabelos soltos
Montada, com os poros respondendo elétricos aquela dança eterna;
Por conta, o inferno pode esperar.
As costas no lençol de seda,
As unhas tatuando-me as costas,
Dentes cravados em meu pescoço,
As pernas em torniquete pela minha cintura
O atrito dos corpos trazendo utopia a física:
Dois corpos disputando o mesmo lugar no espaço,
Tudo hora divino, hora profano;
Em um ritual de dois.
Alertando, o inferno deve esperar.
A agressão do impulso, os dois sentados, apenas ela sobre;
As costas, agora a outra, sobre o lençol;
E os olhos ferinos estreitados e negros,
Trazem a superfície a súcubos.
Hora, então o inferno pode esperar.
Meu peito ganha sulcos tal qual as costas, tatuagens e marcas,
Que ela as faz em ritmo, olhos fechados e um rebolado digno da deusa do kaos;
Lhe faltaria chifres e calda, ou os vejo?
As presas sinto,
Reais como o sangue que elas arrancam a cada mordida libertina,
Enquanto suga Minh ‘alma com o maldito rebolado...
É, o inferno deve esperar...
O impropérioso gemido vasa entre os lábios entreabertos,
Enquanto aperta os olhos,
E na meia luz penumbrosa e etérea sussurra: “Eu vou...”
Então, rangendo os dentes, rosno;
Frenesi.
Esqueço-me da viagem ao inferno.
Os anjos negam a existência;
O mundo ecoa confuso por um centésimo de segundo;
As cores se misturam;
O que seria do céu sem as sombras?
Inferno?
Em pé, cigarro no canto dos lábios, o resto