O FENÔMENO DA FIGURA-FUNDO
O livro é baseado nas reflexões do autor sobre as estórias infantis, que valorizam certos esteriótipos em detrimento a tantas outras maneiras de ser; e que poderiam colorir o universo infantil, mas que em decorrência do sistema sócioeducacional, acabam ficando de fora.
A estória inicia-se apresentando o paradigma da criação do personagem central do livro, o menino Felipe, mostrando o conjunto de crenças que seus pais reproduziram na sua educação e que determinarão seus futuros condicionamentos: "É preciso ir a escola para não ficar burro, para ser gente de verdade...".
No entanto, Felipe era uma criança extremamente imaginativa e naturalmente trazia consigo um saber que era evidente nos diálogos que desenvolvia com seu pai; a fim de buscar a elucidação de sua dúvidas infantis. Porém, o universo idílico de Felipe não se manteria por muito tempo.
Desde bebê seus genitores alimentavam sonhos de que o pequenino seria isto ou aquilo. Assim são todos os pais, constroem uma gaiola de idealizações na qual prendem seus filhos, impedindo-os de voar pelo infinito universo das possibilidades.
Felipe desenvolvia-se alheio aos planos e sonhos de seus pais. As crianças são abençoadas com a capacidade de viver no presente e experimentar o mundo diretamente, sem projetar suas crenças, medos e expectativas. O autor retrata bem a psique da criança nessa fase inicial de desenvolvimento. Suas mentes são abertas e extremamente receptivas; a curiosidade possibilita uma grande capacidade de conexão com os objetos percebidos, numa experimentação quase ontológica.
Os pais de Felipe, por outro lado, já condicionados a expressarem sua máscara social e restritos ao limitado conhecimento de sua bagagem profissional, não conseguem suprir a fome de conhecimento de seu filho. Alegam que na escola ele será saciado de todas as informações que lhe apetecem.
Felipe tinha uma grande paixão por pássaros, voando livremente no céu do seu ser interior. Porém, em