O fantasma na máquina imunológica

9435 palavras 38 páginas
O fantasma na máquina imunológica[1]
Nelson Vaz

2010

Introdução “O fantasma na máquina” é uma expressão criada pelo filøsofo inglês Gilbert Ryle (1900-1976) em seu livro “The Concept of Mind” (Ryle, 1949), uma forte crítica ao dualismo de Descartes. Mais tarde esta expressão foi adotada como titulo de um livro por Arthur Koestler (1967) e desenvolvida em outro de seus livros - “Janus, a summing up“ (Koestler, 1978). Neste ensaio, proponho que a imunologia básica adotou um rumo equivocado ao interpretar a formação de anticorpos como uma manifestação cognitiva do organismo, como se o corpo reconhecesse materiais estranhos (antígenos) - em suma, um estranhamento e uma intencionalidade materializada na mobilização de mecanismos de defesa. Ainda no século XIX, crianças com difteria foram salvas da morte por transfusão do soro de animais de grande porte (bois, cavalos) vacinados intensamente contra a toxina diftérica (soroterapia). Essa interpretação definiu a natureza dos anticorpos como reagentes bioquímicos específicos produzidos pelo organismo em resposta à invasão de materiais estranhos (antígenos). No laboratório clínico, e em outros campos da imunologia aplicada, esta noção é perfeitamente legítima e é utilizada em um infinidade de diagnósticos (sorologia). Por outro lado, na imunologia básica esta idéia representa um grave equívoco. É a esta diferença e à denúncia deste equívoco que endereço este ensaio.

Organismos e pessoas Nós, seres humanos, existimos simultaneamente como seres vivos (mamíferos, primatas, Homo sapiens sapiens) no domínio da estrutura molecular/celular de nossos corpos. Existimos também como pessoas em um domínio relacional onde são decisivos o pensamento e a linguagem. Embora simultâna, nossa vida nestes dois domínios não se mistura: o que ocorre no domínio das relações está enlaçado numa trama de idéias, imagens, símbolos, culturas, ideologias, que influenciam, mas não determinam (não especificam,

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