O discurso sobre as ciências de boaventura de sousa santos
1. Introdução
Ao iniciar seu Um Discurso sobre as Ciências, Boaventura Sousa Santos faz uma análise do que estaria se passando à mente das pessoas com a proximidade da chegada do século XXI. Ele propõe uma retrospectiva da ciência a partir de quando começa a citar nomes de importantes cientistas que viveram entre o século XVIII e o começo do século XX. E propõe, com base em sua afirmação sobre ainda estarmos cientificamente muito voltados ao passado, que passemos a pensar na ciência em seu futuro e assim nos coloca em xeque com a possibilidade de “que o século XXI termine antes de começar” por causa de “perigos cada vez mais verossímeis” como a “catástrofe ecológica ou da guerra nuclear” (SANTOS, p. 1).
Ao prosseguir, ainda em sua introdução, com a discussão sobre a complexidade causada pela transição de tempo à época em que se encontrava, ele utiliza de um exemplo de campo metafórico primário, que constatamos muito bem escolhido pelo autor, para exemplificar a instabilidade da noção real visão. Interpretamos então que o que se via na época, quinze anos antes da entrada do século XXI, é a abstração de uma realidade que poderia fazer-se verdadeira ou não, como a catástrofe ecológica, citada pelo autor, que poderia se fazer verdadeira ou ser apenas objeto de mídia sensacionalista.
Tendo feito isso, Boaventura afirma que se estava passando por um momento transição marcante, com grande teor de dificuldade a ser entendido e percorrido, e portanto seria
necessário voltar às coisas simples, à capacidade de formular perguntas simples, perguntas que, como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma luz nova à nossa perplexidade. (SANTOS, p. 1).
Para provar que o melhor caminho para a ciência seria retornar à simplicidade, o autor utiliza de exemplos históricos de formas de atuação