O desporto

452 palavras 2 páginas
Neste poema, Álvaro de Campos também reverencia Alberto Caeiro, mas já agora numa evocação dramática de discípulo que, confessadamente, não logrou professar o credo da "apendizagem de desaprender" , e para quem o "pasmo essencial / Que tem toda criança se, ao nascer, / Reparasse que nascera deveras" se transforma na "pavorosa ciência de ver".
Álvaro de Campos, o poeta que nas grandes odes sensacionistas tenta a captação panfágica da realidade plural, ávido de um "mundo exterior sempre múltiplo", abre o seu poema com a clara manifestação de seu sentimento de perda em relação a Caeiro ("Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?"), o que se consuma nos versos finais da terceira estrofe:
Eu, escravo de tudo como um pó de todos os ventos,
Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim.
Caeiro, na sua proposta de objetivismo total, fundada na busca de uma relação sensível com a realidade imediata, representa para ele a segurança. Caeiro é a "Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo [(...)] Espírito humano da terra materna, / Flor acima do dilúvio da inteligência subjetiva ..." e ainda aquele "A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou, / Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente, / Natural como um dia mostrando tudo".

O discípulo Campos, emaranhado "Na angústia sensasionista de todos os dias sentidos, / Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser", "não aprendeu nada" daquela serenidade primordial do seu Mestre.
Diferentemente de Ricardo Reis que, pela precedência de uma gestão pensante, assimila e supera a noção de conhecimento sensível do mundo exterior proposta por Caeiro, Álvaro de Campos, levando-a a extremos na busca de "sentir tudo de todas as maneiras" , dela se desvia e cai na "angústia sensacionista de todos os dias sentidos", para quem "tudo é cansaço neste mundo subjetivado, [(...)] Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas". E não vem em seu socorro sequer a esperança de tornar a ser "aquele /

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