O cortico-personagem: Pieadade

322 palavras 2 páginas
Texto Reflexivo:
Cheguei no Cortiço aos meus 30 anos, depois de um longa viagem iniciada em Portugal. Demorei a me acostumar com os hábitos brasileiros, mantendo os europeus e foram esses primeiros que acabaram com a minha vida. Fui descrita como "sem graça" -porem honesta-, traída e enganada por uma mulata chamada Rita junto a Jerônimo, por que eu demonstrava tanto amor. Fui então abandonada por esse, restando a mim somente minha filhinha. Afoguei as magoas de um jeito errado, deixando me levar por tentações como bebidas e homens. Perdi meu emprego e nós duas fomos expulsas para a estalagem vizinha. Me irritava o instinto brasileiro, mas ao fim mostrei-me influenciada por ele. Minha historia não teve final feliz.
Relação Obra-Autor-Personagem:
Sou uma peça importante nas intenções do autor para o livro, pois sirvo como comparação. A introdução de raças, de culturas e de costumes diferentes são colocadas lado-a-lado com os já conhecidos costumes europeus, e é a partir da minha monotonia e fraqueza que a beleza e as qualidades de Rita destacam-se ainda mais, tornando mais cativante que eu (idealização da brasilidade). Apareço também envolvida no novo conceito de luta pela sobrevivência econômica: trabalhando arduamente na lavanderia assim como meu marido Jerônimo na pedreira. Além disso, traços do realismo com as difíceis relações no coletivo, em que a zoomorfização me aproxima a um animal durante minhas brigas, e o determinismo do meio no qual me revelo primitiva e bruta (como todos) indo, novamente, contra os valores europeus. A partir dos fados meu saudosismo e tristeza pela minha terra natal (Portugal) é mostrado de forma deprimente e principalmente tediosa. Sou usada para mostrar a REALIDADE na sua mais verdadeira forma: meu romance quebra a expectativa do leitor, não tendo um final feliz; vou me degradando, mostrando meus defeitos e fraquezas; mas ainda sim preservo meu amor materno e preocupação pela minha pequena, algo puro e infinito.

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