O conhecimento ambiental construído pelas escolas agrotécnicas face às práticas dos camponeses: o caso de são joão evangelista – mg

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INTRODUÇÃO

“O homem tem uma história porque ele transforma a natureza. Os processos de adaptação para o homem implicam desde o início a elaboração de representações e interpretações da natureza compartilhadas pelos membros de uma sociedade. Assim, toda ação do homem sobre a natureza tem que ser vista a partir das realidades ideais, das representações, dos julgamentos.” Maurice Godelier

Se for verdade que o “homem” tem uma história porque ele transforma a natureza e, também, que esta intervenção se faz a partir de representações compartilhadas acerca da natureza; é verdade, também, que este compartilhamento não se estabelece, necessariamente, com base em um consenso, ou seja, o padrão hegemônico de transformação da natureza não anula a existência de outros modelos, embora os inferiorize. Segundo Boaventura (2000), o domínio global da ciência moderna na legitimação do conhecimento acarretou consigo a destruição de muitas formas de saber, tornando impronunciáveis as necessidades e as aspirações dos grupos sociais periféricos, terceiro-mundistas, pertencentes às minorias étnicas, ao meio rural etc, cujas formas de saber foram objeto de negação. Não esqueçamos que sob a capa de valores universais autorizados pela razão foi de fato imposta a razão de uma “raça”, de um sexo e de uma classe social. A questão, para Boaventura (2000) é, pois, como realizar um diálogo multicultural quando algumas culturas foram reduzidas ao silêncio e suas formas de ver e conhecer o mundo se tornaram impronunciáveis? Dentro desta perspectiva de buscar construir uma educação que dê voz àqueles que sempre viveram no silêncio, é bom lembrar o que aponta Garcia Jr. (2002) quando destaca a sujeição e a dependência como características entranhadas no tecido social brasileiro. Tal marco constitutivo seria uma herança da grande lavoura e do período de escravidão e se constituiria na matriz hierárquica das relações sociais, tanto no âmbito público,

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