O cinema pensa
Uma coisa é um filósofo escrever um tratado sobre o crescente aumento da vigilância e da militarização na sociedade moderna; outra, bem diferente, é o cineasta Terry Gillian realizar Brazil, o filme, em que ele projeta o quão insuportável seria viver num país onde não houvesse liberdade, privacidade nem individualidade. Cabrera acredita que os conceitos-imagem do cinema têm um alcance muito maior e um efeito bem mais imediato que os conceitos-idéia dos filósofos tradicionais. Mas o autor não cai na armadilha de usar os filmes para ilustrar as teorias dos grandes pensadores. Ele dá igual tratamento a filósofos e cineastas, sem preconceitos.
Cada capítulo do livro é dedicado a um tema, analisado sob o ponto de vista de um grande filósofo e de três ou quatro filmes consagrados. O capítulo 5, por exemplo, chama-se "Descartes e os fotógrafos indiscretos (A dúvida e o problema do conhecimento)". No ensaio, Cabrera lembra que o filósofo francês aconselhava as pessoas a questionar todo o conhecimento herdado da família, dos professores e dos livros, partindo do princípio de que tudo pode ser diferente do que parece ser ou do que dizem ser, incentivando cada um a chegar às suas próprias conclusões a respeito de todas as coisas. Expostas as idéias de Descartes, o autor reflete sobre o filme Blow-up – Depois daquele