O caso phianeas gage

543 palavras 3 páginas
Na história da neurologia, nenhum outro personagem merece tantos estudos e citações quanto o trabalhador braçal Phineas Gage. Em 1848, Gage atuava como contramestre de um grupo de operários que construía uma linha de trem no Estado norte-americano de Vermont.

Uma explosão acidental fez com que uma barra de ferro trespassasse sua cabeça, caindo a trinta metros de distância, envolta em sangue e pedaços de carne. Para espanto de todos, não morreu. Levantou-se atordoado e foi procurar um médico. Gage teve um abscesso no lobo frontal e reclamou de um certo mal estar nas semanas seguintes. Mesmo assim, o processo de recuperação pareceu milagroso. Em poucos meses, foi dado como curado.

A princípio, os resultados do tratamento reforçaram a crença de que largas porções do cérebro não tinham função alguma. Entretanto, com o passar do tempo, os amigos passaram a notar uma mudança radical no comportamento de Gage. Tornou-se inquieto, irreverente, dado a brincadeiras grosseiras. Antes do acidente, era tido como um trabalhador atento e diligente, um homem de negócios sério e competente. Essas características se perderam.

Passou a se dedicar a inúmeros projetos que eram logo abandonados em favor de outros. A lesão do lobo frontal parecia ter criado um outro homem, infantil, inconseqüente, escravo de seus instintos animais. Mudara em Gage não as habilidades, a destreza em lidar com as ferramentas de trabalho, mas o espírito. Os colegas logo perceberam a transfiguração e admitiram estar diante de outra pessoa.

Os estudos sobre Gage, que morreu 13 anos depois do acidente, ajudaram a traçar um mapa mais aprimorado das funções cerebrais. Uma das particularidades dignas de nota do cérebro humano é justamente o desenvolvimento dos lobos frontais, muito menos evoluído nos macacos e insignificantes em outros mamíferos. Trata-se da parte do cérebro que mais se desenvolve depois do nascimento. As partes superiores do cérebro são hoje tidas como centros reguladores das

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