O BNDES e as ações afirmativas: uma questão de princípio

O BNDES E AS AÇÕES AFIRMATIVAS: UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO

Restier da Costa Souza, Henrique.

Centro Federal de educação tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET/RJ
Diretoria de Pesquisa e Pós Graduação.
Programa de Pós graduação em Relações Etnicorraciais
Rua Cardeal Dom Sebastião Leme 180, 404, santa Teresa Cep 20240013 [e-mail] RESUMO

Este trabalho parte do pressuposto de que amplos setores da sociedade brasileira apresentam um discurso contrário à adoção das ações afirmativas para negros e indígenas. Entretanto esses mesmos atores sociais possuem olhares e opiniões substancialmente favoráveis em relação a medidas estatais que basicamente possuem o mesmo fundamento, ou seja, o tratamento desigual aos desiguais, porém, quando lidam com outro público alvo (não racializado), como idosos, portadores de necessidades especiais, mulheres, micro e pequenas empresas, cinema nacional e outras categorias socioeconômicas. Outra hipótese deste artigo é de que o Estado Brasileiro pratica de forma abrangente e sistemática políticas públicas seletivas, ou focalizadas para diferentes grupos, sejam eles sociais e/ou econômicos, no caso do presente trabalho será abordado o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como instituição governamental privilegiada na execução de políticas públicas não raciais. De outra forma serão as ações afirmativas políticas com foco em um determinado grupo etnicorracial com o intuito de combater distorções e assimetrias agudas que atingem esses grupos historicamente. Dessa forma, a falta de aceitação dessas ações, como política legítima, denuncia a problemática da dinâmica racial da sociedade brasileira.

Palavras-chave: mito da democracia racial. BNDES. políticas públicas. ações afirmativas

Introdução

É preciso inicialmente destacar duas citações que resumem bem a dificuldade em se discutir a questão racial no Brasil: na primeira, segundo Joaze Bernardino,