O antistalismo

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O antistalinismo é talvez a principal arma teórica, ideológica e prática com que conta hoje o poder dominante capitalista no mundo. Seja no âmbito científico, acadêmico ou não, seja no âmbito do noticiário cotidiano da mídia impressa ou eletrônica, o antistalinismo passou a ser absorvido, em quase todo o mundo, como uma espécie de verdade indiscutível, do tipo de verdades absolutas ou oriundas de produtos exclusivos da fé.

Mas esse ódio a Stalin não teve geração espontânea. Foi construído passo a passo, desde os anos 30, por uma conjunção entre a propaganda nazista e a cadeia de jornais norte-americanos de Hearst, de notórias simpatias pelo nazismo, que o mundo inteiro conheceu no personagem "Cidadão Kane", de Orson Welles. Depois da II Guerra Mundial, quando o anticomunismo virou política de Estado na maioria dos países do Ocidente, o esforço para mostrar Stalin numa imagem de vilão retornou com toda força e tornou-se moeda corrente, quase incontestada, após a queda do comunismo soviético no final dos anos 1980.

Sem qualquer debate sério, inclusive sobre questões específicas relacionadas diretamente a Stalin ("o testamento de Lenin", as "coletivizações", os expurgos ou depurações, as diferentes formas de "burocratismo" ou "desvios do poder socialista" etc.), essa campanha do capitalismo internacional, recorrendo às armas mais simples e às mais sofisticadas da técnica de propaganda, associou-se às ações do que os comunistas chamam de "revisionismo" (coexistência pacífica de Krushev no âmbito da Guerra Fria, extinção do princípio revolucionário de "partido comunista do proletariado" e sua substituição pelo conceito de "partido de todo o povo", ou seja, inclusive da burguesia; introdução de reformas que prejudicam a idéia de planejamento econômico centralizado do país, princípio básico da doutrina marxista etc.). "Revisionismo" que, no interior dos partidos comunistas de todo o mundo, construiu e reconstruiu, elaborou e reelaborou o antistalinismo hoje em voga,

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