j. dunn resenha

Comentários: Um breve comentário apenas. Em várias passagens tendi a discordar com Dunn, por exemplo, quando ele insinua que a fé não é um impeditivo para o estudo de maior cientificidade. Minha experiência pro que é sim, muito nocivo o clareza intelectual a fé, invariavelmente. Mas o ponto que gostaria de comentar situa-se quando o autor, na mesma linha da argumentação acima, afirma que a tendência é judaizar em demasia Jesus. Chega-se ao absurdo de falar, não sei se o autor ou o resenhista, que não se deve cair no erro de supor que “Jesus seria absolutamente Judeu”. Meu Deus, que disparate! O contexto da discussão aqui, vem a ser a descoberta dos manuscritos do mar morto e a realização que o judaísmo do segundo templo era muito mais plural, amplo e aberto do que se supunha até então. Desta forma, orienta o autor, deveríamos nos manter entre uma posição que atribui uma peculiaridade extremada ao indivíduo (o retirando de seu ambiente, o desjudaizando) e outra que o judaíza em excesso. Creio que a posição acima é uma má compreensão. Não há judaização em excesso, justamente porque não há padrão de judaísmo. Vejamos, por exemplo, esta passagem da resenha:

“Por isso, devemos deixar de procurar o Jesus distinto a fim de perceber o
Jesus característico, tanto o Jesus característico enquanto judeu, quanto o Jesus característico da tradição dos Evangelhos. Esse novo paradigma visa buscar os ensinamentos e atos de Jesus que tiveram um impacto duradouro sobre seus discípulos. Dessa forma, reconhece-se tanto o judaísmo de Jesus; quanto seu antagonismo com a tradição dos Fariseus;”

Ser antagonista a visão dos fariseus não é ser “não judeu” ou “menos judeu”. É simplesmente estar situado em um espectro do judaísmo que não o farisaico. A confusão do autor é confundir judaísmo com farisaísmo. Jesus é muito judeu, judeusaço, judeu enoquiano.