A Vida Como Ela è

946 palavras 4 páginas
"Isso não é nada! Deve ser psicológico!” Quantas vezes frases do tipo não são proferidas ali, onde o discurso médico se depara com seus limites? Buscando tranquilizar o paciente quanto à natureza de seu sofrimento, o médico afirma algo do tipo: “Fique tranquila, você não tem nada. Seu sintoma é psicológico”. Sem se dar conta, o discurso médico, nesses momentos, acaba emprestando ao sintoma o estatuto de mentira, de falsidade.

Esse quadro não era muito diferente na Viena antes de Sigmund Freud (1856-1939). E foi contra esse silenciamento do sintoma que Freud se levantou. A premissa fundamental sobre a qual ele inventou a Psicanálise era justamente a de que um sintoma – fosse ele histérico, obsessivo, fóbico, paranoico –, traduzia algo da ordem da verdade. Mesmo que não houvesse nenhuma base orgânica reconhecível. Mesmo que não houvesse, na disposição do saber, uma figura capaz de acolher a espessura daquele sofrimento.

Esse “nada” ao qual o discurso médico reduzia o sofrimento psíquico foi elevado por Freud ao estatuto de uma verdade do sujeito. Para o inventor da Psicanálise, a inexistência de um substrato orgânico para a doença não queria dizer que o sintoma não fosse real. Mas de que real o sofrimento psíquico nos fala? Qual é o gênero de verdade posto pelo sintoma?

A essa altura, o leitor pode questionar: mas o que tudo isso tem a ver com Filosofia? Por que diabos um filósofo, ocupado com grandes temas acerca da razão e do conhecimento, do agir e dos valores, deveria preocupar- se com questões tão regionais, tão marginais, relativas ao sofrimento psíquico? O interesse filosófico da Psicanálise reside justamente aí. Sem que Freud tivesse procurado, ele esbarra em problemas e tradições externas à racionalidade psicanalítica. Ao construir sua metapsicologia, o arcabouço conceitual da teoria que fundamenta a prática de escuta e tratamento do sofrimento psíquico, Freud acaba formulando uma teoria do sujeito calcada em dois pilares: a estrutura inconsciente

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