A Vida Bela

A fábula de uma guerra
Há exatos 75 anos, na Europa, Inglaterra e França declaravam guerra à Alemanha, oficializando, assim, o início da Segunda Guerra Mundial. Adolf Hitler, o Führer, ambicionava criar uma nova ordem, que consistia na ideologia da superioridade germânica – descendente direta da raça ariana – e na eliminação de minorias, tais como ciganos, homossexuais, deficientes físicos, opositores políticos e judeus. É importante ressaltar, no entanto, que este último grupo, espalhados pelo continente, eram considerados por alguns alemães também responsáveis pelo caos em que o país se encontrava após a Primeira Guerra.
Cerca de 6 milhões de judeus foram mortos em campos de concentração, além dos que morreram nos guetos (cidades cercadas com muros altos, que isolavam os judeus da demais população). De tal forma, o Holocausto foi, e continua sendo, uma página negra da história da humanidade. E devido à sua dimensão histórica, política e humana, seria praticamente impossível que a temática não ganhasse espaço nas telonas.
Caracterizado por gêneros dramáticos, a Segunda Guerra Mundial ainda hoje inspira bons filmes. Como não se emocionar com A lista de Schindler? Ou não se comover com O pianista? O impacto da guerra é capaz de gerar inúmeras histórias e um misto de sentimentos, e é nisso em que A vida é bela surpreende e cativa o público. Ainda que flutuando numa maré dramática, a trama deixa-se levar também por uma corrente leve e bem-humorada.
O longa-metragem italiano, que em muito permeia entre um singelo conto de fadas e uma triste fábula, consegue abordar um tema tão obscuro de maneira encantadora. Dividido em duas fases, o filme tem início com a chegada de Guido (Roberto Benigni), do interior para a cidade, que logo encontra a sua estimada “princesa”, Dora (Nicoletta Braschi). Arrancando suspiros e risadas, o jovem conquista sua amada, e é neste meio tempo em que se descobre que o protagonista é judeu.
A segunda fase, entretanto, demonstra o seu papel