A solidão
Amanda Brandão Araújo1
RESUMO: Dificilmente o surgimento de um gênero literário se limita a invenção de uma classificação a mais, de mais um molde no qual poderão encaixar-se novos temas e a partir do qual se engendrará uma nova teoria. Como é possível depreender a partir do advento do romance na época moderna, os gêneros literários encerram em sua mais funda constituição o modo como o homem se relaciona com o mundo, supondo um caráter histórico, filosófico e transcendental. Da transição da poesia épica para o romance moderno pode-se vislumbrar o processo de dissonância entre o homem e o mundo, a disparidade entre o coletivo e o individual, entre a fraternidade e a solidão. O homem moderno não mais se contenta em ser a garganta a partir da qual seus deuses proferem a verdade, ele se apega a experiências individuais e tenta expressar o indizível criando novas formas. A partir dessa transição observamos neste ensaio possíveis relações existentes entre poesia épica, romance, mito, identidade e literaturas nacionais. Neste estudo fazem-se presentes, entre outras, as ideia de Lukács, Ian Watt, Walter Benjamin, Andre Jolles, Stanley Hopper, Claudio Magris, Jonathan Culler, João Alexandre Barbosa e Zygmunt Bauman. PALAVRAS-CHAVE: épica, romance, identidade, literaturas nacionais.
ABSTRACT: Hardly the rise of a literary kind is merely limited to another classification invention, another mold in which may fit new themes and from which may generate a new theory. As can be seen from the advent of romance in modern times, the literary genres, in his enclose deeper constitution, the way that man relates to the world, assuming a historical, philosophical and transcendental character. The transition from epic poetry to the modern novel give us a glimpse of the process of dissonance between man and the world, the disparity between the collective and the individual, between the fraternity and loneliness.