A religiosidade em O Mandarim, de Eça de Queiroz

1073 palavras 5 páginas
A religiosidade em O Mandarim, de Eça de Queiroz

Leandro Guimarães Ferreira

A narrativa começa tímida, mas logo desprende-se revelando o que Eça chamou em sua “Lettre qui auraît du une préface” de “une oeuvre bien modeste et qui s’écarte cousidérablement du courant moderne de notre littérature”. Ou seja, o Mandarim afasta-se da corrente literária portuguesa da época que se preocupava com a verdade absoluta, voltadando-se principalmente a descrições e interpretações de fatos da realidade contemporânea mergulhando num mundo de fantasia e surrealismo “où on voit encore, comme au bon vieux temps, apparaître le diable”.
Percebe-se ao longo da história uma forte crítica a sociedade através da sátira e da questão posta pelo diabo, questão que parece dirigir-se diretamente aos leitores – “Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?”. Temos, com a aparição do diabo, um contraste e um reforço da religiosidade presente na obra. Tomemos, para começar, nosso narrador e personagem principal, Teodoro! Em seu nome obtemos já a primeira referência a Deus, Teo = Deus.
Teodoro, que admite não crer nas coisas sobrenaturais, seja em Deus ou no Diabo, resa todas as noites a Nossa Senhora das Dores (e compra décimos de loteria), imagem que herdou de sua mãe e guarda em seu quarto.
Teodoro revela que era ambicioso na época em que cruzou com o capítulo “Brecha das almas” e é dessa ambição que o diabo aproveita-se para testar Teodoro e Eça utiliza para testar gerações de leitores de O Mandarim.
Hoje, você leitor mortal, tocaria a campainha? Encheria-se de riquezas em troca da morte de um mandarim nos confins da China?
A aparição do Diabo Teodoro o julgou como não tendo nada de fantástico, “Parecia tão contemporâneo, tão regular, tão classe média...” (p.27) O que, para mim, cruza-se ao discurso religioso protestante (o qual ouvi muito quando criança), que versa sobre as artimanhas do inimigo para corromper o homem. Segundo esse discurso, o Diabo vem como um

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