A relação dos alunos com a escola pública
Tornou-se comum dizer que a escola pública está em crise, desmoronando e fadada até mesmo ao desaparecimento. Porém, esta instituição mantém uma rara e enorme capacidade de sobrevivência, buscando atualizar-se junto às mudanças sociais, tecnológicas e culturais. Ainda que limitada ao ler, escrever, contar continua reproduzindo um projeto vigente. Nenhuma outra instituição recebeu tantos adjetivos quanto a escola pública. Nos anos 70 foi denominada de tecnicista, nos anos 80, foi considerada elitista, excludente, burocrática, reprodutora. Nos anos 90, por conta das teses neoliberais, foi considerada incompetente, e seus profissionais improdutivos. Estudos historiográficos recentes sobre educação pública vêm insistindo sobre a necessidade de se estabelecer uma distinção entre Escola Particular, Escola Estatal, Escola Pública e Escolar Popular. A primeira sendo mantida por grupos particulares, geralmente religiosos; a Segunda, mantida pelo Estado e que atende a maioria da população, no período republicano serviu para civilizar as massas; A terceira seria aquelas as quais nascem de iniciativas de grupos étnicos a fim de atender os interesses e necessidades desse grupo, com organização própria e que se mantém com recursos não necessariamente estatais (SANFELICE, 2001, 95). Falar sobre a Escola Pública Brasileira nos nossos dias é uma tarefa arriscada. A Escola Pública de há uns 60 anos, era muito diferente de hoje. Os alunos chegavam na hora, faziam fila, cantavam o Hino Nacional, os alunos entravam ordeiramente na sala, obedeciam aos professores e – quando se tratava de uma escola rural - também plantavam e colhiam legumes, além dos primeiros de classe terem o privilégio de plantar uma árvore, claro, no Dia da Árvore. Mas, não se deixavam levar pela idealização do passado. As professoras também humilhavam os alunos que fungavam na sala e não levavam lenço, ficavam de mau humor e não explicavam uma segunda vez, mandavam