A reforma do Jornal do Brasil
“Já no início do século XX, O Paiz , a Gazeta de Notícias e o Jornal do Brasil abriam espaço para os problemas que afligiam a população, nas colunas Queixas e Reclamações, A Voz do Povo e Queixas do Povo, respectivamente. Segundo a análise de Eduardo Silva, a coluna do Jornal do Brasil teria sido mais sistemática, ampla e significativa.9 Além disso, as queixas eram publicadas gratuitamente e não era preciso saber escrever, pois havia um redator à disposição dos interessados, como explica o texto do próprio jornal: “A qualquer hora do dia ou da noite um redator especial do Jornal do Brasil está à disposição do povo que tem fome e sede de justiça. Não tem outras atribuições, não lhe são distribuídos outros afazeres; a sua própria 6 Marialva Barbosa, op.cit., pp.38-42. 7 Entre 1924 e 1929, Assis Chateaubriand adquiriu os diários O Jornal (RJ), Diário da Noite (SP) e O Estado de Minas (BH) e fundou a revista O Cruzeiro e os jornais O Diário de São Paulo (SP) e o Diário da Noite (RJ), dando início à cadeia Diários Associados. Ainda no início da década de 1920, a Sociedade Anônima O Malho publicava, além da revista O Malho, o semanário infantil O Tico-Tico, o semanário ilustrado Para Todos, a revista mensal Leitura para todos, o semanário “mundano esportivo” Arlequim, os almanaques de O Malho e O Tico-Tico e a revista Ilustração Brasileira. 8 Marialva Barbosa, op.cit., pp.78-79, 198 e 218. 9 Eduardo Silva, As queixas do povo, RJ, Paz e Terra, 1988, pp.49-50. 71 personalidade se funde, dispensa e dissolve na impersonalidade da Dor. Não discute com os queixosos, não comenta as suas queixas, registra-as na forma literária mais compreensível ao público, sem galas de estilo, sem atavios de linguagem. Esta seção é o parlamento dos oprimidos.” 10 A popularidade do Jornal do Brasil e da coluna cresceu a cada número, tendo um alcance muito maior que o dos combativos jornais operários, voltados exclusivamente à defesa das questões populares. Eduardo