A Realidade do Mundão

Ao nascer, devíamos passar por um certo processo de educação e de socialização, juntamente com nossos pais ou algum responsável (Tudo Começa na Família – Livro cap. 2 pag. 20). Bem, não foi o que aconteceu com Paulo Francisco, mais conhecido como Mano Sabotagem e membro do grupo PCC (Primeiro Comando da Capital) umas das maiores organizações criminosas do Brasil. Paulo F. nos conta que perdeu seu pai quando tinha apenas 10 anos de idade e como foi difícil sobreviver na favela sem ter com quem contar. Era um menino que frequentava a escola e tinha como sonho ser jogador de futebol, não deu certo. Numa noite, ao voltar pra casa encontrou seu pai baleado com um tiro na boca. “ – Cheguei em casa e, quando vi aquilo eu comecei a chorar na hora e vieram mil fitas na minha mente, fiquei maluco, mas na favela é assim mesmo, nem sei porque fiquei surpreso”
A partir daí Paulo F. teve de se virar sozinho, sem ninguém para orienta-lo e ajuda-lo no processo de socialização, Mano Sabotagem se tornou um individuo apenas, e logo acabou entrando no mundo das drogas. “ – Eu não sabia o que fazer, estava triste, com ódio, e encontrei consolo na cocaína e no crack, fiquei na miséria sabe? Mas depois conheci um tal de Ice Blue e me ele contou a história dele, que era bem parecida com a minha, daí ele me tiro de lá, e me fez subir na vida”.
Essa foi a forma que Paulo encontrou pra ser aceito em um grupo, através das drogas. É aí que vemos como é diferente nascer e viver numa favela ou num bairro rico, como esses fatores promovem a desigualdade e a forma com que o sujeito vai se socializar com o mundo a sua volta (As Diferenças no Processo de Socialização – Livro Cap.2 pag.19)
“- Depois que você entra nessa vida não tem como sair. E não importa, você pode ser um santo, trabalhar registrado e frequentar a igreja, pra sobreviver aqui no Capão tem que tá atento a tudo, tem muito invejoso, infelizmente quem sofre é a gente, nunca se sabe o que vem pela frente..”
Essa é a realidade de