"A qualquer preço" e a responsabilidade civil
O filme começa com Jan Schlichtmann fazendo uma explanação sobre a vítima de lesões corporais mais rentáveis; ele é um advogado que ficou riquíssimo auferindo lucro sobre a tragédia alheia, defendendo vítimas de lesões corporais – por si só um ramo considerado menor da advocacia, coisa de “chantagistas”, “caçadores de ambulância”
O monólogo de abertura e a frase final acentuam essa característica do sistema baseado na diferença social de uma forma brutal. É assim: “um querelante morto raramente vale tanto quanto um vivo, aleijado. Porém, se a morte for agonizante, e não rápida, por afogamento ou acidente, o valor pode aumentar consideravelmente Um adulto morto, de 20 a 30 anos, vale menos que um de 40 a 50. Uma mulher morta, menos que um homem morto. Um adulto solteiro, menos que um caso. Negro menos que branco. Pobre menos que rico. A vítima perfeita é um profissional branco, de 40 anos, no auge de sua carreira, derrubado na flor da idade. E a mais imperfeita? Segundo o direito de lesões corporais, uma criança morta é a vítima menos importante.”
Em seguida ele vai conhecer o caso de oito crianças mortas em uma cidade ao Norte de Boston, com câncer, adquirido da água que bebem, envenenada por resíduos químicos altamente tóxicos, cancerígenos. Crianças mortas – a coisa que vale menos na sua profissão.
Duas indústrias localizadas na região são processadas pela comunidade afetada, sob a acusação de negligência operacional, pois teriam contaminado o solo, corpos hídricos superficiais e subterrâneos por meio de suas atividades ao longo dos anos. Esta contaminação teria sido causada pelo lançamento de diversos compostos químicos, dentre eles, o tricloroetileno, solvente utilizado para diversos fins industriais e que é considerado