A Quadrilha

A quadrilha-espetáculo
Foi-se o tempo da chita e da calça remendada: a atração junina entra na era do luxo
Rosana Zakabi
As festas juninas são tão importantes no Nordeste quanto o Carnaval no Rio de Janeiro, e a principal atração são as quadrilhas, as danças típicas de São João. De uns tempos para cá, muitas quadrilhas se profissionalizaram, e as apresentações se transformaram em elaborados espetáculos com muito em comum com os desfiles de escolas de samba, só que em ritmo e coreografia juninos. As roupas simples de chita e os chapéus de palha usados pelos dançarinos foram substituídos por fantasias mais trabalhadas, que podem custar 800 reais cada uma. As canções tradicionais, como Cai Cai, Balão,foram trocadas por músicas criadas por encomenda, de acordo com o tema a ser encenado durante as apresentações. Em vez da montagem improvisada, as equipes passaram a se preparar com meses de antecedência e a ensaiar todos os passos com a ajuda de coreógrafos.
Há hoje cerca de 200 quadrilhas profissionalizadas em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Ceará e Bahia, o dobro do que havia no início da década de 90. Até o fim de semana que vem, elas se apresentarão nas principais festas juninas da região. "As quadrilhas viraram verdadeiras empresas", diz Elizabeth Christina de Andrade Lima, professora de antropologia da Universidade Federal de Campina Grande. "Ao contrário do que ocorria no passado, em que a diversão tinha caráter rural, o que vemos hoje são festas urbanas e suntuosas." Durante a apresentação, as quadrilhas montam e desmontam cenários como se estivessem num palco de teatro e trocam de roupa várias vezes em pleno desfile.
As cidades de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, promovem as maiores festas de São João do país. Juntas, elas devem receber 3 milhões de visitantes até o início de julho e ambas contam com concursos de quadrilhas. Em Caruaru, as quadrilhas se apresentam numa espécie de sambódromo, uma avenida ladeada