A pulsão e suas vicissitudes
Freud define pulsão como sendo um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como o psíquico dos estímulos que se originam no corpo – dentro do organismo e alcança a mente, como uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em conseqüência de sua ligação com o corpo.
Freud fala que não existe caminho natural para a sexualidade humana. Não há maneira única de satisfazer o desejo, o que confere ao humano, que está sempre insatisfeito frente a este. É em nome desses desvios que Freud fala em pulsão sexual (trieb) e não em instinto (instinkt), que é um padrão de comportamento, hereditariamente fixado e que possui um objeto especifico, enquanto Trieb não implica nem comportamento pré-formado, nem objeto especifico.
Em Escritos, Lacan (1998) diz que
A Pulsão tal como é construída por Freud a partir da experiência do inconsciente, proíbe ao pensamento psicologizante esse recurso ao instinto com ele mascara sua ignorância, através de uma suposição de uma moral na natureza. (Lacan, 1998, pág.865).
Em O Inconsciente (Das Unbewusste) Freud (1915) fala que a antítese entre consciente e inconsciente não se aplica às pulsões; se a pulsão não se prendeu a uma idéia ou não se manifestou como um estado afetivo, nada poderemos saber sobre ela.
A pulsão nunca se dá por si mesma, nem a nível consciente, nem a nível inconsciente; ela só é conhecida pelos seus representantes: o representante ideativo (vorstellung) e o afeto (affekt).
O afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional. Afetos correspondem a processos de descarga, cujas manifestações finais são percebidas como sentimentos. Os destinos do afeto e do representante ideativo são diferentes. Os afetos não podem ser recalcados. Portanto não se pode falar em afeto inconsciente; os afetos são sentidos a nível consciente, embora não possamos determinar a origem do afeto ao sentir suas manifestações. Os representantes ideativos são