A pré-história da antropologia

A PRÉ-HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA

O Novo Mundo é descoberto e sobre seus habitantes nasce um questionamento: devem pertencer à humanidade? O critério essencial para a resposta é a religião, mais precisamente, o Catolicismo. O selvagem tem uma alma? Pertence ao pecado original? Resposta para os missionários. As respostas são SIM ou NÃO e esta dupla posição gera debate já no século XVI, que coloca em oposição o dominicano Las Casas e o jurista Sulpuvera. Las Casas defende a liberdade dos nativos por considerá-los uma sociedade. Já Supulvera defende a escravização e a aculturação dos nativos por considerá-los inferiores em inteligência.

A Figura do Mal Selvagem e do Bom Civilizado

Abaixo estão alguns critérios utilizados a partir do século XIV pelos europeus para julgar se convém conferir aos índios um estatuto humano, além do religioso já descrito: • A aparência física: estavam nus ou vestidos de peles de animais; • Os comportamentos alimentares: eles comem carne crua, e é todo o imaginário do canibalismo que irá aqui se elaborar; • A inteligência tal como pode ser apreendida a partir da linguagem: eles falam uma língua ininteligível. Assim, sem moral, sem religião, sem lei, sem escrita, sem Estado, sem consciência, sem razão, sem arte, sem passado, sem futuro, não acreditando em Deus, eles não são homens. E ter feito os índios aceitarem um só Deus, uma única fé e ter tirado deles a idolatria, os sacrifícios humanos, o canibalismo, a sodomia, a poligamia; mostrando-lhes o alfabeto, o uso do ferro, os bons costumes. Tudo isso vale mais do que qualquer ouro, pérola ou outras riquezas que os índios possuíam.

A Figura do Bom Selvagem e do Mal Civilizado

O caráter privativo dessas sociedades sem escrita, sem tecnologia, sem economia, sem religião, sem clero, sem polícia, sem Estado não constitui uma desvantagem. O selvagem não é quem pensamos. A figura do bom selvagem só encontrará sua