A possibilidade de uma psicologia cientifica de Kant às ciências cognitivas
Pedro da Cunha Ramos
Universidade Federal Fluminense
O objetivo deste trabalho é fornecer uma pequena revisão de cunho ensaístico, capaz de orientar o inicio de uma discussão sobre os desdobramentos que alguns empreendimentos filosóficos e metodológicos produziram no campo da problemática epistemológica sobre a possibilidade de uma psicologia cientifica.
Para tanto não será utilizada uma concepção estritamente historicista da epistemologia da psicologia. De fato o que será proposto é o estudo de algumas contribuições que por motivos distintos foram consideradas relevantes e representativas para alguns posicionamentos no que diz respeito ao que é e quais seriam as condições em que se dá o “fazer ciência” em psicologia.
Com as novas preocupações da filosofia moderna, representadas inicialmente pelo pensamento cartesiano, propõe-se um dualismo metodológico que apesar de manter a tradição metafisica da dicotomia entre corpo e alma, inaugura uma nova forma de se conceber a natureza e a possibilidade privilegiada de conhecimento que o homem teria da mesma, ou seja através da ciência pensada a partir de pilares matemáticos.
(Gomes, 2005)
1 –Kant
Kant afirmou a existência de uma realidade externa e independente do sujeito, designando-a por as coisas em si ou númenos (noumena). Apesar de ser um realista metafísico15, negou a possibilidade de conhecer as coisas em si.
Kant afirmara a impossibilidade de uma Psicologia Científica, mas na segunda metade do século de XIX os primeiros passos nesse sentido foram dados. Uma lição inolvidável de Kant é que vemos o mundo através das nossas lentes cognitivas'.
As 'lentes' não são exatamente como Kant as imaginou e, certamente não são iguais para todos os humanos, dependendo também do meio social. Entretanto aprendemos com ele que o conhecimento não é 'um espelho da natureza' e não se dá apenas pelo acúmulo de percepções ou observações; ele