a neurose e a perversão no ambiente laboral

NEUROSE E PERVERSÃO NO AMBIENTE LABORAL

Ao longo de encontros em sala de aula, quando explanado e debatido os temas envolvendo a perversão e a neurose no laço social, é inevitável, também, pensar sobre o assunto quando imaginamos o ambiente onde exercemos nossas atividades profissionais e todas as pessoas possíveis envolvidas nele. Não escapa ninguém. Eis o diretor, a representante de departamento, o supervisor, os subalternos e colegas de trabalho direto. Cada um com o que lhe é peculiar: suas manias, dizeres e rotinas inalteráveis. Precisamos, obviamente e por fim, incluir a nós mesmos e aí, começa-se um trabalho de vigília, de análise incessante do outro e de auto-observação. Particularmente (e por possuir propriedade para discursar sobre o assunto), na aviação, há também todo um cenário de evidências narcísicas. Antes de tecer mais sobre os assuntos a serem discutidos, acredito ser necessário considerar que a questão da manifestação da perversão não pode ser situada claramente em determinada classe ou segmento profissional, pois esta surge a partir de um acordo estabelecido, uma sutil rede e valores e relações que permeiam a organização e, de forma mais ampla, toda a sociedade. Especificamente falando, existem “momentos” na realização do trabalho de um aviador e, por assim dizer, três cenários aonde convive: seu ambiente social (sua casa, família), o ‘estar’ no trabalho (no avião, exercendo suas obrigações) e o tempo longe destes últimos: o pernoite (tempo de descanso em hotéis). Interessante saber que em cada cenário existe uma distinta roupagem, pedindo deste sujeito um determinado comportamento. Arrisco-me a dizer que (definitivamente não posso generalizar) considerando os diferentes tipos de natureza humana, há aí uma dualidade, uma ambivalência: o neurótico caseiro e ‘profissional’ versus o perverso – talvez caiba aqui trazer, de acordo com Freud, os três tipos libidinais “puros - pronto para realizar seus pensamentos e desejos até então